o essencial

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Esta é da minha infância...




MEUS OITO ANOS

Casimiro de Abreu


Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,

A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência

Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;

O mar é lago sereno,

O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,

A vida um hino de amor !

Que auroras, que sol, que vida

Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar


O céu bordado de estrelas,

A terra de aromas cheia,

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar !

Oh dias de minha infância,

Oh meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã


Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias

De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã !


Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Pés descalços, braços nus,

Correndo pelas campinas

A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas

Brincava beira do mar!

Rezava as Ave Marias,

Achava o céu sempre lindo

Adormecia sorrindo

E despertava a cantar !

Oh que saudades que tenho

Da aurora da minha vida

Da, minha infância querida

Que os anos não trazem mais


Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009



Saber Viver
Não sei... Se a vida é curta Ou longa demais pra nós, Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe, Braço que envolve, Palavra que conforta, Silêncio que respeita, Alegria que contagia, Lágrima que corre, Olhar que acaricia, Desejo que sacia, Amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, É o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela Não seja nem curta, Nem longa demais, Mas que seja intensa, Verdadeira, pura... Enquanto durar. (CoraCoralina)






“Os primeiros amores, a lembrança do primeiro beijo;
Por um breve instante voltar a ser criança, maravilhada como tudo que é novo
Histórias que não se apagam, registradas na alma, como páginas de um diário.
Que somente nós podemos ler...

Pelos movimentos da dança, se comunicam os seres humanos.
No ritmo sensual que envolve o corpo.
Uma música exótica hipnotiza nossos sentidos.
Somos capturados por uma magia e nada se pode fazer
Pois já somos escravos antes de saber...

A aventura de explorar novos terrenos,
Nas curvas e trilhas de teu corpo fazer um safári,
Selvagem e primitivo, calor que faz transpirar,
O suor pelo rosto, desliza no corpo.
Uma febre ou um delírio, jamais se esquece.
O toque da pele, do instinto e do cheiro...

O vapor traz os mistérios das silhuetas,
O clima etéreo dos mundos onde passeia o espírito.
O ar quente que embaça os vidros, envolvendo em nuvens os ambientes,
Desenha em nossa imaginação, todas as cores e gestos,
Deixando os espelhos sem reflexo,
Às vezes, é necessário se perder, para poder se encontrar...

Brincadeira de amor, só entende quem namora...
Para explicar o amor, mil filósofos não bastam;
Para o verdadeiro amante, o entanto,
Um simples sorriso ou olhar o faz compreender tudo.
Ele é capaz de perder um coração cada dia,
Para a cada noite, reencontra-lo...

Tudo se transforma na natureza...
O dia em noite, a nuvem em chuva, o beijo em união...
Como na metamorfose da borboleta, a dança dos momentos não se prende ao tempo.
Podemos ser o que sonhamos, ou será que já somos e apenas sonhamos?

Quando a noite chega, a janela entreaberta deixa o sussurro do vento.
Acariciar as cortinas. No céu estrelado, junto a varanda de um palácio,
A noite traz um misterioso amante em seu cavalo alado.
Familiar e ao mesmo tempo desconhecido, como uma foz longuinqua que deixamos de ouvir.
Será que existe ou somos nós que criamos?

(...)

Desvendar segredos, conhecer a fundo os mistérios do ser amado, não é para todo mundo.
Qualquer um que percorra este caminho deve saber que também seus segredos mais íntimos serão revelados. A porta que se abre, o faz nos dois sentidos...
Neste sutil espaço é onde se encontra a chave.
Quem sai, também permite que alguém possa entrar...”
Do álbum Art of Seduction de Corciolli